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Dia dos professores: saúde mental e valorização na carreira são prioridades para docentes

Pesquisas realizadas pelo Itaú Social e depoimentos de professores destacam a preocupação com o adoecimento dos profissionais de educação


O avanço tecnológico, as novas propostas de modelos pedagógicos e as tendências de comportamento de crianças e adolescentes são alguns dos elementos que influenciam a rotina em sala de aula. Considerando a necessidade cada vez mais marcante de refletir sobre o ambiente escolar que, neste Dia do Professor (15/10), o Itaú Social reúne depoimentos e pesquisas mostrando os atuais desafios da profissão, que envolve, entre outras coisas, o grande volume de trabalho e o controle emocional.

A professora recém-aposentada Gina Vieira Ponte deu aulas durante 30 anos e, ao longo de sua carreira, observou o crescimento do número de estudantes de suas turmas. “De repente, eu me vi com 280 alunos e tomei um susto. Fiquei me perguntando como seria possível me conectar a tantos estudantes diferentes. Eu nem sequer imaginava como saberia o nome de cada um, ou ainda como atendê-los individualmente”.

O relato ilustra o resultado do relatório “Volume de trabalho dos professores dos anos finais do ensino fundamental”, que identificou que quase 20% dos docentes das redes estaduais de educação trabalham com mais de 400 estudantes durante o ano letivo. 

O documento aponta uma distorção em relação à média de alunos por professor, que pode variar entre 11 e 525 estudantes, trabalhando de 20 a até 60 horas semanais. Um volume de trabalho que contraria a recomendação do relatório de 210 alunos por docente, em até sete turmas com, no máximo, 30 estudantes em cada uma.

A rotina escolar e a sobrecarga de trabalho são elementos que impactam o emocional dos professores, tornando a saúde mental da comunidade escolar uma prioridade para as secretarias de Educação de acordo com 18% dos docentes. A preocupação está no topo da lista, superando reivindicações históricas da carreira, como melhores salários (17%) e melhores condições de trabalho (16%), segundo pesquisa de opinião dos professores, realizada pelo Itaú Social, Todos Pela Educação, Instituto Península e Profissão Docente.

Constante preparação
Segundo a pesquisa de opinião realizada com os professores, 81% deles não se sentem preparados após concluírem o ensino superior. A  preocupação, somada à necessidade de buscar novas experiências pedagógicas, levou o Polo, ambiente de formação do Itaú Social, a receber o acesso de  milhares de docentes, como Lívia Bezerra, professora de língua portuguesa e de inglês nos municípios de Salvador e Lauro de Freitas (BA), que concluiu o curso RED (Recursos Educacionais Digitais).

Ela é docente desde 1995 e acompanhou a popularização da tecnologia até sua utilização em sala de aula. “A ideia de aprender algo, aplicar aquele conhecimento durante as minhas aulas e perceber seus efeitos práticos me deixa muito empolgada”, diz Lívia.

Atualmente, o Polo possui mais de 200 mil cadastros, sendo que cerca de metade são de docentes. Os cursos mais acessados são Infâncias e leituras e Leitura para bebês, mais de 39 mil e 27 mil inscrições, respectivamente. As demais preferências são Coordenador Pedagógico como Formador, Letramento Matemático na Educação Infantil e Experiência e protagonismo: a BNCC na Educação Infantil. Ao todo, foram emitidos mais de 135 mil certificados.

Valorização
Mesmo com a pandemia da Covid-19, em que 89% dos responsáveis pelos estudantes reconheceram que o trabalho do professor é mais desafiador do que acreditavam (7ª onda Educação na perspectiva dos estudantes e suas famílias), apenas 7% se sentem tão valorizados como os médicos, engenheiros ou advogados (Pesquisa de opinião com professores). O índice leva em conta fatores como remuneração, condições de trabalho e equilíbrio entre vida pessoal e profissional.

A professora Rebeca Simões conta que o reconhecimento e o apoio da família dos estudantes são importantes para a aprendizagem dos alunos. A partir da constatação, ela criou o podcast Educação & Família, dedicado a falar sobre experiências pedagógicas que os responsáveis pelos estudantes podem replicar em casa. “Ser professora é mais do que uma profissão. É um estilo de vida. Nós pensamos e falamos em educação 24 horas por dia, sete dias por semana”.

A meta 17 do PNE (Plano Nacional de Educação) orienta que o rendimento do professor deveria equiparar-se à média do profissional de mesmo nível de escolaridade. Apesar de registrar um crescimento desde o início da vigência do documento, a meta continua distante de ser alcançada, pois precisa até 2024 conquistar um crescimento maior do que foi alcançado em nove anos.

Conheça mais alguns dados sobre o cenário da profissão docente

  • As principais ações que o poder público deve adotar são apoio psicológico a professores e estudantes (18%), aumento no salário dos docentes (17%), promoção de programas de reforço e recuperação (16%) e promoção do envolvimento das famílias na vida escolar dos filhos (14%);
    *Fonte: Pesquisa de opinião com professores (TPE)
  • Necessidade do apoio psicológico cresce conforme ciclos da educação básica: Anos Iniciais do Ensino Fundamental (15%), Anos Finais (19%) e Ensino Médio (21%);
    *Fonte: Pesquisa de opinião com professores (TPE)
  • 71% dos docentes concordam totalmente ou em partes que se sentem mais estressados no trabalho devido a cobranças excessivas por resultados;
    *Fonte: Pesquisa de opinião com professores (TPE)
  • Oito em cada dez entrevistados concordam que, se pudessem decidir novamente, ainda escolheriam ser professor. Além disso, 91% concordam totalmente que o que traz mais satisfação na profissão é quando percebem que os alunos estão aprendendo;
    *Fonte: Pesquisa de opinião com professores (TPE)
  • Apenas 19% concordam totalmente que os atuais cursos de graduação de Pedagogia e licenciaturas estão preparando bem os docentes para o início da profissão;
    *Fonte: Pesquisa de opinião com professores (TPE)
  • 84% concordam (53% totalmente e 31% em parte) que cursos presenciais formam docentes mais preparados – apesar de seis em cada dez professores formados no Brasil terem se graduado em cursos a distância em 2020;
    *Fonte: Pesquisa de opinião com professores (TPE)
  • Apenas 7% dos entrevistados concordam (2% totalmente e 5% em parte) que, no Brasil, os professores são tão valorizados quanto médicos, engenheiros e advogados, e 92% concordam (61% totalmente e 31% em parte) que gostariam de participar mais do desenho de políticas e programas educacionais de sua rede de ensino;
    *Fonte: Pesquisa de opinião com professores (TPE)
  • A sobrecarga de trabalho afeta negativamente a saúde dos docentes, podendo acarretar prejuízos com o absenteísmo e a necessidade de substituição de profissionais;
    *Fonte: Volume de trabalho docente
  • As recomendações indicadas pelo documento que podem melhorar o trabalho do professor são: adotar a jornada de trabalho integral como padrão e ter a parcial como opção; limitar a carga horária de trabalho na rede a 40 horas semanais; garantir o uso de um terço da jornada para o trabalho extraclasse; pagar remuneração atrativa; concentrar a atuação em apenas uma escola, com papel ampliado; repensar a organização das matrizes curriculares; garantir turmas nos Anos Finais do Ensino Fundamental com, no máximo, 30 alunos;
    *Fonte: Volume de trabalho docente
  • A maioria dos alunos (94%) estuda em escolas públicas que oferecem apoio psicológico, segundo os entrevistados. No entanto, o percentual cai para 34% quando analisados apenas estudantes matriculados no Ensino Médio. Na avaliação de 74% de mães, pais e responsáveis, o apoio psicológico contribui muito para os estudantes;
    *Fonte: pesquisa Educação na perspectiva dos estudantes e suas famílias
  • 87% dos estudantes enxergam os professores como exemplos positivos;
    *Fonte: pesquisa Educação na perspectiva dos estudantes e suas famílias
  • 21% dos familiares de estudantes destacam a necessidade de garantir mais oferta de formação aos professores;
    *Fonte: pesquisa Educação na perspectiva dos estudantes e suas famílias

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